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. Tão independentes quanto solitárias .


















Nunca me importei. Nunca tive com quem me importar. Eu digo alguém com quem me relacionasse, porque com pai e mãe já vêm de fábrica. Sempre fui sozinha, e não via mal algum nisso, aliás, ainda não vejo. Sempre fui segura de mim, e meus objetivos vinham acima de qualquer coisa/pessoa. Sou filha unica e fui criada pra ser assim: Independente e bem sucedida. Cresci entre pessoas que falavam que os tempos eram outros. Que mulher não devia mais ser sustentada pelo marido, que estudar era obrigação, trabalhar, evitar filhos e bla bla bla. E sim, eu cumpri com louvor a difícil tarefa de chegar aos 25 anos, solteira, sem ter filhos e com um diploma de Engenharia na Mão. Agradeço isso aos meus pais? Sim, talvez. Porém, se não fossem por nossas irmãs do passado que queimaram sutiãs, de fato hoje, eu estaria casada de bobes na cabeça, fazendo janta pro meu marido e meus três filhos gordos. Mas não. O Mundo mudou, a sociedade

evoluiu e cá estou eu, fazendo parte da incrível geração de mulheres tão independentes quanto sozinhas.

Isso se dá ao fato de que estudei me formei e, sim, eu não preciso de homem ao meu lado. Mentira! Sou tão superior que não encontro ninguém à minha altura. Mentira maior ainda. E depois de 25 anos, eu me permiti. Me deixei viver o tal do amor verdadeiro. E o que ele me proporcionou até agora? A incrível disfunção cerebral conhecida como paixonite aguda, acompanhada das incessantes crises de ciúmes pós relacionamentos anteriores traumáticos. É, eu não sou a melhor pessoa para se falar de amor. Tenho a a incrível limitação demanter os dois pés atrás e não confiar em quem quer que seja. É a chamada Pistantrofobia – medo de confiar nas pessoas devido experiências negativas ou decepções do passado. Só que na minha concepção, “medo” não é a palavra correta, é apenas uma forma de auto-preservação. Pra que sofrer se você pode evitar?

Evitar. Essa foi minha atitude durante todos esses anos. E porque diábos eu não agi dessa maneira quando senti as pernas tremerem e o coração palpitar diante de um cara que em nada me apetecia? Ele não era nem de longe a pessoa com quem eu namoraria, não era o mais alto, o mais bonito, não gostava das mesmas musicas que eu e mesmo assim fez minha respiração ofegar e perder os compassos por alguns minutos. De que serviu tantos anos de faculdade e estudos avançados. Pra que ser tão centrada e racional? De que serviu tanta auto-conficança? Eu tento buscar as explicações plausíveis que me fazem permanecer estática em uma relação que distrói minha imagem imponete, que lança por terra meu conceito relacionamentos sadios, nos quais mulheres independem dos homens.

Parabéns! Estamos vivendo no século certo? Podemos chamar de independência o fato de ter um bom emprego, um carro do ano, um apartamento, andar com bolsas caras por aí, sair com as amigas tão solitárias quanto você pra beber. Existe o mundo ideal de mulheres que conseguem conciliar os dois? Se você é da extinta geração de mulheres que conseguem amar incondicionalmente e ser independente, parabéns. Vocês cumpriram a sua missão na terra.

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