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. O Tempo Todo .

Eu estava bem ali, o tempo todo, ele também, sempre com seu ar de "olha como você não vale nada", e eu sempre rindo de como ele pensava sobre os meus atos, eu que sempre fazia questão que ele fosse o primeiro a saber de tudo, exatamente tudo, até aqueles detalhes que você tem vergonha de contar pra um homem sabe, mas pra ele, não existia timidez, soltava tudo mesmo existindo tanta sujeira em minhas atitudes, nem eufemismo eu usava, era tudo colocado pra fora da forma mais verdadeira, mesmo que fosse nua e crua (literalmente).

Ele que estava ali o tempo todo, eu também, sempre com o meu ar de "olha como você é egoísta", e sempre rindo de como eu achava absurdas suas atitudes, e ele que sempre fazia questão que eu fosse a primeira a saber de tudo, exatamente tudo, mesmo consciente que eu iria discordar da maioria e colocar mil defeitos em cada passo das suas aventuras sujas. Não era usada hipérbole porque essa é característica minha e não dele, então usava o método prático que sempre funcionou "Jenny, pra mim você é homem".

E de tanto eu estar ali, ele também, sempre com o nosso ar de "olha como somos iguais", e nós sempre rindo de como pensávamos sobre nós mesmos, e de como fazíamos questão de nos colocarmos em primeiro lugar em tudo, exatamente tudo, que de algum modo estávamos tão juntos que tudo se esclareceu, da forma como sempre fomos, sujos. Não podia ser diferente, então resolvemos viver numa grande sujeira, e o problema, ou não, é que acabamos gostando de toda essa podridão.

Chegamos ao ponto de que tudo faz e não faz sentido, em que tudo é claro e escuro ao mesmo tempo, estamos perdidos em nós mesmos, na bagunça que veio se formando, e a gente com preguiça de arrumar foi deixando pra depois. O fato é que agora está tarde pra arrumar, e fugir não resolverá nada. O tempo passa e a adrenalina, o peso, o gostar da situação aumenta e complica nossos sentidos. Jogando-nos de um lado para o outro na confusão dos sentimentos.

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