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Mas acho que a gente se completou tanto que passamos a transbordar. Estávamos cheios demais pra caber mais da gente em nós. Até que um dia a gente estourou e não nos preocupamos em catar cada pedaço de nós espalhados pelo chão. Depois de um tempo quando resolvemos pegar tudo de volta já era tarde, porque começamos a nos encher de outras coisas e outras pessoas. E tudo que era nosso, que recolhíamos do chão não cabia no nosso mundo, caía pelos meus braços, por mais que eu agarrasse pra não te perder de novo, sempre acabava assim, caindo e se perdendo pelo caminho.
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Quanto de nós ainda deve estar espalhado pela rua? Por mais que eu absorva tudo de outras pessoas nunca me completo como antes, quando o que me fazia inteira era nossas coincidências. Por mais que eu me veja em alguém como me via em você, por mais que eu veja meus atos em outros como via em você, não tem comparação, éramos como um espelho e seu reflexo, um de frente pro outro, agindo da mesma maneira que o outro, mas por um azar, ou ironia do destino, nosso espelho se quebrou e por mais que a gente juntasse todas as partes não formávamos mais uma imagem perfeita de nós. E infelizmente, como eu não me contento com metades e você não se contenta me ter em migalhas, jogamos tudo fora pra que o pouco que restou da gente não ocupasse muito espaço, aí acabamos pensando cada vez menos em nós, até esvaziar-nos e nos esquecermos completamente. Quase.
- Jenny -
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